sábado, 20 de novembro de 2010

tijolo clandestino

Mais claro que o céu,
mais profundo que o destino,
entre um e o espelho,
o reflexo é mera construção de outrem.

Quando pensar, não pensa por si só.
Quando rir, não ri por si só.
Então, quando chorar, não é por si.
A mera verdade é que sua personalidade
é contrução de outrem.

Se quiser correr, não corre.
Suas vontades não são genuinamentes suas.
A um mix de fatores:
eles e eles.

Você pode ser que seja só
um resultado matemático de conta simples.
Soma.
Mas o fator determinante,
ainda não posso explicar,
mas há algo que o compõe
que ultrassapa o limite dos outros.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Não se conjuga amor

Eu te amo,
porque assim é amor.
Eu te amo,
mas não suprimo
a minha ansia de amar.
O que quero mesmo
é fundir seu ser ao meu,
tocar o céu com seu sopro,
beijar a doce passagem
só com o seu enigma.
Só isso que quero,
você, além de mim,
um a gente que é dois gente,
que não é nem meio gente sem
o outro gente.
e que assim seja:
Eu sendo minha,
e você sendo meu,
até que acabe o gerúndio.

amplitude rasa

Meu mundo gira o tempo todo,
faz cocegas na minha superficie
as vezes um pouco mais profundo,
as vezes não são cocegas.

Viver de rir, sim, vale a pena,
sonhar de rir , tem graça,
rir de brincar de sonhar
é a diversão nata!

Tenho gosto da framboesa ainda na boca,
sinto o cheiro da mentalidade alheia
enoja-me, porém.
Se pudesse, correria agora.
Posso, mas a fadiga me impede.

Entendo nada entender,
aceitar não aceito,
porém, obedeço sem querer.
Salve à ignorancia quando a bala atinge o alvo!
Salve a mim também, sem crase.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pensei, aqui

Hoje. Aprendi com o tempo que as coisas mudam, que nos dedos que apontam nascerão calos, nos olhos que denunciam a cegueira permanecerá por pouco tempo, nos tristes ombros encharcados de lágrimas, na maioria das vezes viverão com o consolo que ajudou e com o sentimento da ingratidão. Sentimentos e células. Milhares de sonhos a sonhar, infinitos caminhos e destinos a traçar e um sol apontando em um unico dia importante. Morram com a verdade engasgada, porém direi eu: não morram, matem aos poucos a ignorancia da falsa sabedoria que circundanda um pouco todos nós. Assim, divida apenas suas experiências, não as torne repetitivas se nao quiser... Porque um dia tudo o que você precisa saber é que felicidade e o que é certo a fazer são sinônimos: o que te faz feliz é o que é certo a fazer, agora, e não depois.
A incoerencia é só uma questão de ponto de vista.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sem dois, um inteiro

Eu quero sumir, sozinha como estou.
Correr, correr, sentir e correr ainda.
Parar no vazio.
Respirar o vácuo.
Dormir no sonho submerso e escuro.
Ainda não acordar ...

Depois, acordar sem memórias,
sem arrependimentos,
sem sonhos perdidos e visionados.
Acordar pra nada e poder desfrutar de tudo,
o tempo inteiro.

Sentir no escuro a companhia que me faltava,
perceber que não precisaria mesmo de outrem.
Mas que seja a minha vontade a água
de qualquer sede de presença.

Minhas palavras, que um dia se perderam,
hoje valem mais.
Meus pensamentos apenas os papéis conhecem
eles sim, eles não têm dedos para apontar,
nem para pedir esmolas e
não me ferem,
mas, contudo, não me dão o conforto de um ombro.

Mas, agora se sozinha estiver,
a prova de balas ficarei.
Sozinha, sem ter como me ferir.
Minhas palavras de defesa aposentadas
e qualquer ataque seria repudiado
com a simples tatica da indiferença,
doce sabor amargo que chega a boca
dos que foram e não serão.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tranbordar-me

Muito obrigada,
pelo seus minutos de disponibilidade,
pelos suas doces falsas e malditas palavras,
por me emprestar a minha alma.

Muito obrigada
pelo o que perdi e se desfez,
pelos sonhos que criei e meu amor matou,
por encontrar em mim um apoio, talvez.

Desculpe-me,
se chorei quando deveria sorrir
ou se existi no momento que me permitiu.

Desculpe-me,
se meus sonhos morreram contigo
e você não vai lembrá-los comigo, eu sei.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Para sempre, ele.

Com o peito estufado
é para um grande homem
a quem declaro meu amor.

Sinto que há uma mão no meu traçar
ela desenha sobre o solo um caminho:
retira cuidadosamente, um a um,
todos os pedregulhos.
Ela coloca as curvas mais suaves.
Ela sinaliza qualquer perigo
em que esteve impotente.
Ela desenha cuidadosamente
árvores
lindas e diferentes árvores.
Esperando talvez por frutos...

Então, essa mão sangra
sangra quando uma pedra aparece no caminho
não a pedra de Drummond
mas a pedra que cresceu
e sob seus fixos olhos passou.
Sofre. Sangra. Morre um pouco.

É claro, existem muitas mãos no mundo,
mas não como essa,
essa tem seu nome por singularidade,
não apenas por destino.
Essa mão que aperta e liberta.
Essa mão que escreve a apaga,
não com borrachas, ela detesta borrachas,
também afaga e castiga, estende e abençoa.

E essa mesma mão
foi a criadora das mais incríveis histórias,
mas além de tudo,
de mágicas,
transformando
o seu castelo em encantado
sua pequena numa princesa
sua existência numa excelência.
Pipito, eu te amo.

sábado, 19 de junho de 2010

Reticências para a Interrogação

Porque hoje sinto que o mundo pertence a poucos
sei das limitações da minha personalidade
e da imensidão peculiar da essência
conheci caminhos novos
submergi-me para respirar.

O alivio do peito
é a gratidão da alma,
dentro do meu ser
espelho para o desconhecido
mundo imprevisto e desconexo.

Ainda procuro,
sem respostas,
Amém.
Pois no dia que sanarem as perguntas
no pote de ouro
haverá apenas ouro.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Só amar

Existem dias que a musica soa mais melodiosa
que a risada ecoa mais ritmada
que some palavras ao poeta
que  enterra o pranto
enterra a coruja
sobressai-se no regorgizo
encontra razão
perde-a
chora e ri
mas chora porque aquilo é muito
chora porque há uma tempestade
que transborda pela janela
a fechadura cala-se
esta sabe que só existe uma chave
e todo a máquina torna-se humana
para entender que o amor existe,
e quando ele vem,
nada precisa ter sentido
pois tudo já tem o sentido
de ser
e ter-te.

domingo, 2 de maio de 2010

Apelo

O óbvio cansa e destrói,
desmorona o triste castelo da expectativa,
tira o que enche as palmas do publico.
A rotina
é a invenção do infeliz
que teima
em não entender
que a felicidade
se alimenta da novidade
e que o novo representa
o brilho do verdadeiro sorriso
Afinal, não há sonhos
se amanhã for ontem.

Sob a fixa máscara

O pranto que escorre
sob a sua face
eh como a chave da sua alma
que esconde do mundo
o que dele pertence,
a amarga verdade desconhecida,
que corrói a mente pensante
e voa perto da ignorante
que não sente e mistifica o real sentido
do não ter nenhum nexo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Célula

Eu já não acredito na flor
que cresce e morre,
acredito mais na estrela
e na sua incognitude.
Passam os dias,
mais pontos que viram reticências
e a vírgula é o suspiro
no meio do pranto.
Mas, confesso,
ainda espero a flor
desabrochar para ti
pois sou o cultivador
que espera.

Fuga em Dó menor

Eu procuro nos lindos campos,
refúgio.
Escondo minhas cicatrizes
numa profundeza particular
e escolho um sorriso para
mergulhar.
Um hoje, o mesmo amanhã,
depois, não se sabe,
porém sei o que quero
e o que quero permanece,
permanece como a cicatriz,
esta que está esquecida,
mas presente.

Na corda

Ainda sinto aquele medo
meu mais profundo segredo
guardado para um futuro
que me constrói tal muro.

Então sinto outro vento,
leva-me além do pensamento,
regredir no caminho
até chegar ao ninho.

Mas o que mais me amedronta
para onde o agora aponta,
não por onde hei de caminhar,
e sim, pelo fato de estar.

Numa folha qualquer

O destino encontra-se no caminho
Este traçado a giz
infantilmente
Aquele é só um ponto,
uma estrela guia.
Cuidado, porém,
quando se olha para o alto
perde-se o perfume das flores
que caminham no chão.

Adulto é gostar do Sol

Se o sol virá,
E a chuva passará
Para que brincar na poça?
Para que sentir as gotas?
Para que ser adulto o suficiente
para ser criança?
Correr na chuva,
Brincar com o vento,
Rir do trovão
Cantarolando uma canção
São desnecessários
nesse mundo de
guarda-chuvas.
E pior, ainda inventaram
os guarda-sóis.

Ósculo

O encontro das bocas que cessam
o sorriso
Ainda valem mais que
lágrimas
que sufocam na boca do outro
É na felicidade que
o amor propaga,
como a luz que é
refletida, refratada e absorvida
no vidro das janela da minh'alma
que quebra-se com a solidão
e goza na eternidade
temporariamente duradoura.

Para o amigo,

Pés sem par caminhando na areia
Um sopro do vazio da procriação histórica
Apaga um passado sem sentido
Até que cada membro par do seu corpo
Encontra noutro o seu verdadeiro companheiro

O companheiro que
eterniza o segundo, próximo
e eterniza o segundo, distante
cada qual com sorriso e lágrima

E os pés juntos e sozinhos
agora andam com seu complemento
sobre a rocha.